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gratidão e kairós...



Ao som de: 


Lis olhou por cima do viaduto e fingiu ser a única pessoa viva no mundo. Fechou os olhos e seguiu o rumo do vento, deixando os cabelos dançarem...
Sentiu foi é gratidão. Lembrou de uma música triste e de como já chorou pela estranheza do mundo...
Vai ver a gratidão é mesmo um acalanto choroso, de cheiro doce, melodia tranquila e de lembranças ácidas.
Lis teve seu momento de epifania ali, no meio da multidão sem rosto, com os pés cansados de subirem e descerem para lugar nenhum. Sorriu espantada por ter o coração sereno no meio da orquestra do caos.
A vida nem sempre foi carinhosa. Todo pranto calado e todo grito estancado foram caminhos necessários para fortalecer o espírito e perceber que a felicidade enfim, não é um estado que oscila de acordo com a gentileza do mundo. Lis viu que há algo dentro dela que está sempre lá, a felicidade pura e lapidada, que construiu ao longo dos tempos com carinho, açúcar e muita vontade. 
É esse sentimento extenso e largo de agraciar a vida com todas as dificuldades que ela tem que faz Lis ir um pouquinho mais longe, de encontro com o coletivo, com a transformação, com os olhares que receberam muito pouco do mundo, com um lugar onde nós - desavisadamente - chamamos de sofrer. Seus pés já sabem onde ir e seu cansaço já vale a pena.
Lis vivenciou seu mundo naquele espaço kairós, que pode ter durado horas ou segundos... Deixou-se ser, sem regras, sem razão.
Viu rostos que a viram devagar, sem pressa de a ler. Gente simples ou não, leve ou não, mas sempre diversa, cuidadosa e terna. Ah, a ternura! Jeito manso de conhecer com o olhar. Encanta Lis no primeiro balanço e Lis responde, convidando a gente terna a partilhar da vida com ela...

Abriu os olhos, retomou o fôlego e seguiu em frente. O ônibus chegou tão rápido... Gratidão, gratidão.






Comentários

"Lis viu que há algo dentro dela que está sempre lá, a felicidade pura e lapidada, que construiu ao longo dos tempos com carinho, açúcar e muita vontade."

A felicidade está em nós e aos nossos olhos...só nos resta abrí-los e vislumbrar.